O processo de retomada da TV UFAM conta com o trabalho do projeto “Memória e Registro”. Formado por cinco estudantes, o grupo, a partir de documentos e DVDs, organizou e analisou materiais para recontar a trajetória da emissora na Universidade Federal do Amazonas.
A coordenadora do grupo e estudante do 8º período do curso de História da UFAM, Priscila de Diógenes, faz um relato do contexto e da criação da TV UFAM:
Contexto
Em meados dos anos 1990 e início dos anos 2000 (data de fundação da Associação Brasileira de Televisão Universitária - ABTU), houve uma articulação entre universidades brasileiras ligadas à área de Comunicação e de Audiovisual ao perceberem, tanto em encontros nacionais como no próprio ambiente acadêmico, as dificuldades da divulgação do conhecimento científico produzido na academia.
A saída para esse problema estaria na criação de uma ferramenta capaz de divulgar cultura e educação. Os canais universitários tornaram-se, naquele momento, o melhor meio de levar as informações acadêmicas para além do público já presente nas universidades. A movimentação e a demanda para a implantação de TVs universitárias levaram o Governo Federal a auxiliar financeiramente e estruturalmente as Instituições de Ensino Superior (IES), entre as quais, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Inauguração da TV UFAM
Toda a trajetória de criação e implantação da TV UFAM foi guiada pela professora Salete da Silva Lima. Destaca-se, no projeto estratégico, a importância de se ter um canal público e uma grade de programação com quadros que fujam do padrão das TVs comerciais. A proposta dava ênfase a programas que atendessem a demanda dos telespectadores sem vínculo direto com a universidade, levando discussões críticas e sociais para os lares da população.
Entre janeiro e junho de 2003, dez etapas foram estabelecidas para a estruturação da TV, entre elas, o estudo e a adaptação do local para abrigar a sede do canal universitário, compras de novos equipamentos e negociação com operadoras para a transmissão do canal.
Em fevereiro de 2004, a grade experimental da programação foi aprovada pela Reitoria, podendo, assim, iniciar da produção dos programas. Em abril, a UFAM solicita à empresa de TV por assinatura Horizon a disponibilização do canal, pedido aceito em junho do mesmo ano. Com uma grade de programas em estudo, com estrutura montada e funcionários contratados, o processo de implantação da TV foi tomando forma. A reforma do Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (CAUA), local escolhido como sede da emissora, ocorreu entre maio e junho.
Conforme portaria número 1.048/2004/RG, o Conselho de Programação da TV UFAM foi criado para analisar as propostas de programas para o canal. A inauguração da emissora ocorreu em 14 de março de 2005. Em julho do mesmo ano, o professor Guaraciaba Tupinambá é empossado como diretor. Além dele, ao longo do percurso da TV, outros nomes também estiveram à frente do canal como os professores Renan Freitas Pinto e Gilmar Couto. Desde o ano de 2013 a TV está com suas programações desativadas, mas a partir de novembro de 2015 grupos de trabalhos estão preparando o retorno da emissora.
Projeto Memória e Registro
O processo de organização dos DVDs contou com o apoio de quatro estudantes: Jussara Costa, Marcella Cunha, Yanka Senna e Yolanda Bento, todas do curso de Jornalismo. Foram identificados ao todo 3.510 DVDs com programas produzidos pela TV UFAM e por outros parceiros como SESC, TV UFSC, Itaú Cultural.
Enquanto listavam-se os programas, existiu uma dúvida em torno dos programas que, por vezes, sumiam da grade e não eram mais encontrados. A única explicação pensada foi uma possível falta de audiência que tenha levado o programa a sair do ar. Mas o que de fato acontecia era uma mudança do nome do programa e, às vezes, de seu apresentador, porém a estrutura e o foco permaneciam os mesmos ao longo das mudanças de direção da TV. Foi o que ocorreu com o programa “Arte Total” que mudou para o nome “Ufam Sons e Canções”.
O levantamento da história e memória da TV UFAM se faz imprescindível para reativar o canal. O objetivo do projeto é evitar que essa memória vá para o limbo dos antigos ou novos telespectadores.
Em momentos de constantes e polêmicas construções sociais, em que a educação é constantemente pautada em discussões políticas, um canal que aborde essas questões se faz totalmente necessário, sua memória deve ser coletada e devidamente registrada. O projeto veio para contar a história, ver os rostos, ouvir as vozes de quem fez e buscou fazer comunicação.
Priscila Diógenes
Aluna do curso de História da Universidade Federal do Amazonas