Apresentado pela estudante de teatro Márcia Vinagre, o programa, que recebia o nome de Arte Total, foi ao ar pela primeira vez em julho de 2005. Em 2007, mudou o nome para UFAM Sons e Canções. “Em 2005, quando surgiu a TV UFAM, eu estava fazendo um curso de Técnica em Comunicação com ênfase em apresentação e locução. Um amigo e colega de turma, James Araújo, estava à frente da programação da TV e fez o convite a mim”’, disse a apresentadora, em entrevista ao Blog TV UFAM.
A atração tinha como objetivo mostrar a importância da música regional e divulgar os músicos locais. No decorrer dos anos, contou com participações de artistas como Sebastião Tapajós, David Assayag, Márcia Siqueira, Fátima Silva, Tony Medeiros, Cileno, Anibal Beça, do grupo Amigos do Som, Nicolas Júnior, Embaúba, Marcos D´angelo, Treme Terra, Suíte Memory, Cid Larone, Félix Aranha, Banda Zouk, entre outros.
O programa também abria espaço para novos nomes do meio musical. “Eu, enquanto apresentadora, tinha liberdade de escolher os artistas que iria entrevistar e decidi optar por artistas que estavam no anonimato e que, sem dúvida, mereciam uma oportunidade de expor seus trabalhos. E assim, através do programa, eles cantavam e encantavam. Cito aqui a cantora Ketlen Nascimento que a primeira vez que esteve na mídia foi no programa Ufam Sons e Canções e hoje desponta com uma das mais belas vozes que nosso Estado tem”, afirma Márcia Vinagre.
Além disso, Sons e Canções trouxe bandas composta apenas por adolescentes, como a DMOD; fez estreia de banda, como a Pagode do Negão Varela. Do brega ao Mpb, possibilitou ao telespectador conhecer diversos estilos.
Sons e Canções contou com diversos especiais como: Especial dia da Consciência Negra, com samba e pagode; Especial Municipal, para arrecadar alimentos para instituições filantrópicas; Especial Escolas de Samba, que levou escolas de samba de cidade; e o Especial de Dia das Crianças. Alguns programas também foram realizados fora do estúdio, o que proporcionou ao telespectador novos ângulos.
De modo alegre e dinâmico, entre uma música e outra, Márcia Vinagre conversava com os participantes. Entre os diversos tópicos, um dos mais abordados pelos convidados era a falta de apoio e divulgação que eles enfrentam no Estado. “Não é qualquer um que abre suas portas para pessoas que estão querendo um espaço. Sons e Canções dá espaço para quem é famoso e para quem não”, disse o cantor Bergue Guerra.
Outro tema bastante exposto foi a preocupação que os músicos tinham com a educação e a inserção da música como forma de aprendizagem. O cantor Osmar Oliveira possuía, na época, o projeto “Vamos brincar de poesia, cantiga e brincadeira de roda”, com o objetivo de inserir a música em escolas da Zona Leste de Manaus. “Hoje a questão da musicalização é obrigatória na sala de aula e o professor não está preparado para isso. Ele pode trabalhar com sons, imagens. Ele vai ter os alunos perto dele. É preciso criar essa dinâmica” defendeu o cantor.
Vale ressaltar que, enquanto Márcia esteve ausente em 2007 e 2008, o programa foi apresentado por Ivan de Oliveira.
Para Márcia Vinagre, o programa cumpriu seu objetivo e deixou como legado a importância e a valorização da cultura local: “A referência de um povo e de sua origem nos remete a quem somos e para que viemos. Ter essa referência através da arte é, sem sombra de dúvida, uma forma de nos encontrarmos e nos entendermos”.
Yanka Andrade Senna
Estudante de Jornalismo da UFAM