Apresentado pelo cantor e compositor Nicolas Júnior, o programa surgiu com o objetivo de divulgar e mostrar a arte regional, contribuindo para a consolidação da carreira de artistas locais.
De maneira leve e dinâmica, Estação das Artes concentrou-se, principalmente, em cantores regionais. No decorrer dos anos, o programa contou com participações de Gonzaga Blantez, Pedro César Ribeiro, Gil Valente, Cileno, Célio Cruz, entre outros nomes que integram a arte amazonense.
Entre uma música e outra, perguntas eram direcionadas aos participantes, abordando história artística, lembranças e divulgação de novos projetos. Cileno, Roberto Limas e Elias Moreira afirmaram que tiveram influência artística desde cedo com a família. Dudu Brasil, filho do também músico Edu do Banjo, disse que na infância tinha um simples pedido ao Papai Noel: “Eu quero um microfone, mas só se ele for de verdade”.
Infelizmente é unanimidade entre os cantores que a música regional é mais valorizada fora da Amazônia e que faltam apoio e investimento nos artistas da região. “Para você ser universal tem que conhecer a própria cultura, a própria história. Hoje a indústria cultural quer misturar entretenimento com arte e dizer que tudo é arte”, disse o cantor Pedro Ribeiro no programa exibido dia 07 de maio de 2012. O amor que eles têm pela música, porém, supera diversos obstáculos. Como Nicolas Júnior cita em diversos programas: “Música alimenta a alma”.
No decorrer da exibição, é perceptível a luta que muitos enfrentaram para prosseguir na carreira. É o caso do chileno Angel (nome artístico Angel Musical) que saiu de sua terra e percorreu a América Latina para divulgar seu projeto. Outro exemplo é Pedro Ribeiro, o qual não teve apoio familiar, mas insistiu na carreira.
Diversas histórias engraçadas também marcaram o programa. Situações como ser confundido com outro artista, aprender música de última hora ou o carro parar de funcionar no meio do nada durante uma viagem a trabalho são capazes de provocar risadas no telespectador. Estação das Artes abordou, concomitantemente, a importância da Internet para o meio artístico. A rede, segundo os cantores, veio para quebrar um monopólio e facilitar a divulgação dos projetos e músicas.
Destaque para o programa exibido no dia 06 de dezembro de 2012 que mostrou o real objetivo do Estações das Artes: a propagação cultural da região amazônica. O cantor Celdo Braga levou à atração instrumentos musicais feitos com objetos regionais como um chocalho produzido com semente de seringa, pau de chuva (confeccionado com imbaúba e que imita o som da chuva) e flauta de madeira, entre outros.
Mas engana-se quem pensa que o Estações das Artes se baseou somente em cantores. Em 2012, o programa passou a possuir um quadro apresentado pela pesquisadora Nayara Alencar e que tinha como objetivo propalar a literatura regional. São citados autores como Milton Hatoum, Arlindo Porto e Violeta Branco, primeira mulher a integrar a Academia Amazonense de Letras.
Ademais, a atração contava, vez ou outra, com a presença de escritores locais. Allan Rodrigues (escritor de “Boi Bumbá – Evolução”), Ana Maria Peixoto (escritora de livros infantis, entre os quais está “Os animais do meu quintal”) e Sérgio Villas Boas (escritor de “Perfis”) participaram do programa dando dicas sobre escrita e falando sobre o que alimentava a paixão de cada um pela produção literária. “A leitura aproxima o pai do filho”, palavras de Ana Maria Peixoto.
Vale ressaltar que, em 2012, o programa também contou com os apresentadores Alice Regina Sousa e Lucevilson Sousa que substituíam, em algumas ocasiões, Nicolas Júnior.
Estação das Artes cumpriu com o seu objetivo e conseguiu fazer com que o telespectador amazonense conhecesse mais sobre a sua cultura e valorize-a. Juntamente com o entretenimento, o programa fez crítica à falta de incentivo e apoio para a cultura regional.
Yanka Andrade Senna
Estudante de Jornalismo da UFAM