O diretor Neil Armstrong trabalha com animação há 25 anos

 

Por Jéssica Salomão, estudante de Jornalismo

Que tal conhecer o espaço sideral com um garotinho muito divertido que nos ensina sobre amizade e ciência? Então é só colar na programação da TV UFAM e acompanhar “Astrobaldo”.  Saiba como surgiu a ideia da animação e conheça  seu diretor, Neil Armstrong.

Como surgiu a ideia da produção?
Eu sempre quis envolver esse personagem para viajar pelo espaço, mostrar a identidade do sistema solar em forma de brincadeiras para criança, a diversão, mas também aquela coisa de cientista, que você pode aprender também com isso. Aí, surgiu o edital do Prodav, e poxa, a oportunidade ideal. Eu desenvolvi um projeto junto com a equipe, o pessoal da Lunart, e a gente conseguiu o apoio pra fazer a série. E foi por aí, deu tudo certo.

Qual o objetivo principal da série? É a questão educativa mesmo?
Sim! O objetivo mesmo é divertir, mas através de uma diversão luminosa, construtiva, digamos assim. Trabalhar as relações, o conceito de amizade, tentar demonstrar que todos os seres humanos são iguais de uma forma divertida. Na animação não existe nenhum personagem santo, herói ou perfeito. Passar, através da história, que a gente pode se ajudar e que esse é o melhor caminho, o mais construtivo. Então, a ideia de Astrobaldo é passar realmente isso, porque é o que faz parte da nossa realidade. A gente vê tanta coisa ruim, é complicado, tem tanta violência, mas tem caminhos, tem pessoas que agem de forma diferente, buscam um caminho melhor e que a gente vê que funciona esse caminho. Na verdade tem várias camadas de trabalho dentro da série, mas os principais objetivos são esses, divertir e iluminar.

A ideia foi fazer para o público infantil?
Sim, na verdade o edital pedia isso, que fosse uma série escolar de 4 a 6 anos. Trabalhamos essa questão para criança de 4 a 6 anos, o público-alvo especificamente é esse, mas a gente trabalhou também para pais, fãs, pelo próprio conteúdo, que tem uma abrangência maior. 

Você já tinha tido experiência com animação? Por que fazer uma?
Na verdade eu já trabalho com animação há 25 anos. A primeira animação que eu fiz foi em 1991, não tinha nem computador colorido. Essa é a terceira série que a gente está produzindo, já havia produzido duas outras aqui no Ceará. A primeira era para criança também e nessa série contávamos as histórias dos caminhoneiros baseadas em histórias reais. 

Hoje em dia é cada vez mais rara a produção audiovisual para crianças, como você acha que o “Astrobaldo” traz essa outra visão de que o público infantil ainda pode assistir TV?
Isso é até consequência de vários canais fechados de televisão que tem programações específicas. Para você ter uma ideia, tem canais que só passam animação. Então nós nunca tivemos uma liberdade dessas na história. Antes eram somente longa-metragens e alguns programas de TV aberta que passavam. Então, tem um espaço muito grande.

Equipe da série "Atrobaldo"

Em relação à produção, vocês tiveram algum desafio?
Tivemos. Um grande desafio, em primeiro lugar, foi trabalhar com duas técnicas de animação: quando está no mundo real a animação é 2D, quando está no mundo fantástico a animação é 3D. Então a gente precisava das duas equipes trabalhando, uma equipe 2D e uma equipe 3D. Fazer a parte do 3D já tem as suas complicações, em 2D também tem as suas complicações. Então, esse foi um dos desafios que enfrentamos. Fora a questão que nós estamos com o mercado emergente. Nós estamos com uma equipe que é meio antiga, mas precisou de mais gente pra trabalhar, então teve esse questão de conseguir uma equipe grande e boa de pessoas dedicadas. Mas deu tudo certo e, inclusive, foi muito construtivo até para o pessoal que trabalhou, que ficaram cada vez mais preparados para futuros projetos.

Vocês esperavam que a série fosse exibida em TVs públicas aqui do Norte? Imaginavam que ia ter uma repercussão tão distante?
A gente meio que espera, mas na verdade a gente não sabe também, porque, na maioria das vezes, não tem tanta divulgação. A gente torce, espera o melhor e todo feedback é muito bem-vindo.

O que você espera de Astrobaldo?
A ideia é que a gente possa licenciar para outras TVs e canais, inclusive mercados internacionais, mas para eles a gente precisa de mais umas três temporadas, então é trabalhar para conseguir o sucesso, continuar trabalhando.

Vão ter outras temporadas?
Sim, pelo menos umas três temporadas. O universo é muito grande, dá para explorar muita coisa. Com a mesma temática, mas sempre com uma coisa nova. 

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