Por Jéssica Salomão, estudante de Jornalismo

Ir morar sozinho é sempre uma fase marcante da vida, mas imagina ir sem preparo algum para uma cidade totalmente nova? Bom, a Casa do Estudante Universitário do Paraná (CEU) mostra algumas historias de superação de diversos estudantes na série “Um Lugar pra chamar de CEU”. Confira a entrevista do diretor Amarildo Martins.

O que é a CEU?

Amarildo Martins: É a Casa do Estudante Universitário do Paraná, um local independente de qualquer universidade ou instituição do governo. 

De onde surgiu a ideia do enredo?

Amarildo: Bom, eu já morei nessa casa estudante e já tinha um projeto menor que mostrasse o que é essa casa. Estava trabalhando com audiovisual quando surgiu a chamada para produção de conteúdo para as TVs públicas e, nessas opções de produção, havia uma que dizia "uma série com cinco episódios de 26 minutos que trouxessem jovens que saíram da periferia e ingressaram no ensino superior e o que isso influencia na sua trajetória de vida, o que a escolha da universidade influencia". Aí, a Andreia, produtora do projeto, deu a ideia: "por que não fazer um projeto que envolvesse a sua pesquisa na casa estudante e a própria casa?". Após isso, começamos a conversar, chamei o Guto, que também é diretor da série, e então definimos como usar o roteiro.

Como foi a escolha dos protagonistas?

Amarildo: O primeiro critério é: tem que ser morador da CEU. Para pegar um grupo bem diferenciado, definimos que seriam estudantes de lugares diferentes, não todos do interior do Paraná ou todos de São Paulo. Nós queríamos pegar um estudante de cada lugar. Outro aspecto foi o curso, queríamos estudantes de cursos variados. E por último queríamos colocar duas meninas, porque a CEU, durante um bom tempo, foi exclusivamente masculina e, a mais ou menos três ou quatro anos, ela teve a primeira banca de meninas. Uma das personagens, a do episódio dois, entrou na primeira banca feminina da CEU. 

Enfim, fomos pesquisando e montando, usei até as próprias redes sociais, tem uma página no Facebook da casa na qual abrange boa parte dos moradores. Então eu fiz uma pesquisa prévia, alguns personagens eu já conhecia da época em que eu morava lá, outros eram amigos de amigos, eu fui conversando com eles e eu tive sorte que as primeiras opções já encaixavam em todos os critérios, acho que só mudamos uma personagem devido a insegurança da mesma, aí, como o  prazo era curto, acabamos trazendo outra personagem de um curso próximo. Praticamente a ideia foi pegar personagens o mais diferente possível um do outro.

Como foi a produção?

Amarildo: Tivemos dois diretores, Guto e eu. Guto se focou mais na parte técnica e com a equipe e eu me foquei mais na interação com os personagens. Toda interlocução de ligar pra eles, conversar, pegar telefone dos pais e ligar pra falar o que a gente ia fazer, todo esse primeiro contato, eu fiz. Durante a pré-produção, nós visitamos todas as cidades e todas as pessoas envolvidas com os personagens, família, amigos, professores, para identificarmos o que seria melhor para a série, onde teria conflitos, essas coisas.

Houve algum problema?

Amarildo: Não chegamos a ter nenhum problema grande, acho que a maior dificuldade foi o fato de termos pouco tempo pra filmar e fazer tudo, mas com relação aos personagens não teve nenhum "problemão" assim não.

Qual o objetivo do programa?

Amarildo: A série existe praticamente para mostrar que todos os personagens vieram de famílias humildes, do interior, boa parte deles morava na periferia das cidades, e muitos também são os primeiros da família a entrarem na universidade. A série veio para mostrar para outros jovens, que estão nas outras cidades, a CEU, já que muitos deles não fazem ideia de que eles possam entrar na universidade pública e ter auxilio da universidade para estudar.

O que você diria que a CEU representa para você e para os estudantes?

Amarildo: Abrigo, por ser um local para estudantes, o valor da mensalidade é bem baixo em relação a qualquer apartamento no centro. Sem a CEU provavelmente muitos dos jovens não estariam na universidade porque não teriam como pagar o aluguel de qualquer lugar aqui no centro da região, sem contar que na casa eles têm todo uma troca devido também encontrarem outros estudantes também distantes da família, trabalhando e estudando ao mesmo tempo e, de certo modo, um acaba ajudando o outro nessa troca de experiências e informações, incentiva a cada um deles a continuar na luta, a não desistir. A CEU tem esse papel de ajudar o estudante a não desistir, a continuar nessa batalha que é no caso fazer a universidade.

Como foi ser contemplado pelo edital do Brasil de todas as telas?

Amarildo: O edital teve várias etapas e a série foi pra última etapa com uma nota boa, os pareceres deixaram a gente um pouco confiante, mas assim, ainda tínhamos uma concorrência, haviam mais uns 4 projetos. Então mesmo indo para etapa final com uma nota boa, nós apenas esperávamos o melhor e lembrávamos que também havíamos escrito outros projetos, se não me engano cinco projetos. A gente esperava que ao menos um projeto fosse [aprovado].

Vocês imaginavam que iria repercutir até o norte do Brasil?

Amarildo: Sim! Nós sabíamos que esse material seria exibido em todas as TV's comunitárias, universitárias e culturais, mas em nenhum lugar dizia quando seria exibido, e nem sempre as TV's nos avisam. A nossa surpresa está sendo ver que a nossa série está sendo uma das primeiras a ser exibida nessas TVs e isso está sendo bem legal pra gente.

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